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28 Set 2016

Ao abrir meus olhos, estava no céu...

 Por: ELLIS CORUJA

Lembro-me que estava sentada na varanda de minha casa, tomando um bom chá de camomila e apreciando um belo livro de poesias, quando de repente, senti uma forte pontada no peito, vindo a desmaiar em seguida. Acho que fiquei por um bom tempo desacordada, até que ao abrir meus olhos, me vi deitada em cima de um lençol branco no meio de um imenso jardim. Me assustei, pois não reconheci aquele lugar.

Bem próxima a mim, havia uma mulher, era jovem e muito bonita. Seus cabelos eram escuros e longos. Estava usando um vestido de seda, na cor violeta cheio de camadas, o que me fez lembrar das fadas dos contos infantis. No mesmo instante, ela me olhou e sorriu, vindo ao meu encontro, parecia já estar me esperando.

 

Eu estava preocupada e muito ansiosa, mal pude esperar ela se apresentar e fui logo lhe enchendo de perguntas. Queria saber que lugar era aquele, onde estava minha família... Até que com muita graciosidade e calmaria, ela sentou-se ao meu lado e começou a acariciar os meus cabelos. Apresentou-se com o nome de Aurora e pediu para que eu me acalmasse, pois estava em um lugar seguro e que agora eu iria entrar na fase de adaptação. 

Por um segundo pensei que eu tinha enlouquecido e minha família havia me internado em uma daquelas clínicas onde ficam pessoas que precisam de ajuda psicológica, com isso, resolvi perguntar se eu havia enlouquecido... Ela novamente sorriu e me disse com muita serenidade que eu havia desencarnado.

 

Que calma ela possuía, sabia conduzir sua fala até para me dizer que eu havia morrido.

Senti meus olhos esbugalharem, meu estômago gelou e eu comecei a tremer. Disse a ela que aquilo só poderia ser um sonho ou estavam me pregando alguma peça, pois eu era muito jovem para desencarnar, ainda não havia completado meus tão esperados dezoito anos e estava me sentindo super bem. Não achava justo ter partido tão cedo. Percebendo a minha agitação, mais uma vez ela me olhou com aquele rosto encantador e me pediu para que eu me acalmasse e me deitasse novamente. Apesar do receio, fiz o que ela havia me pedido.

Assim que me deitei, Aurora colocou suas mãos sobre meus olhos e em segundos comecei a sentir uma espécie de energia quentinha saindo de suas mãos. Era estranho, mas confesso que estava gostando. Meu corpo foi relaxando, fui ficando mais calma e com isso ela foi me explicando o que havia acontecido.

Me contou que meu coração havia sofrido um tipo de arritmia que o levou a parar de bater e que a minha missão na terra já estava cumprida.

Era difícil de entender tudo aquilo, era como se eu não quisesse acreditar no que estava acontecendo.

Em seguida, já me sentindo mais calma com a ajuda de Aurora, me sentei novamente. Fiquei por alguns minutos em silêncio tentando absorver os acontecimentos daquele momento. Logo, pude ver um rapaz vestido todo de branco próximo a uma ladeira, toda gramada com várias flores. Ele abriu seus braços e de repente pude ver imensas e magníficas asas brancas saindo de suas costas. Esse rapaz saiu voando me deixando surpresa com aquela cena. Como ele havia conseguido fazer aquilo? Ele era um anjo? Realmente, acho que morri... Pensei.

Aurora percebeu que eu havia me surpreendido e me disse que eu também poderia projetar aquelas asas e voar assim como ele. Acabei duvidando, mas resolvi tentar.

Fiquei imóvel e pensei naquelas lindas asas, quando para minha surpresa, elas saíram por de trás de minhas costas como num passe de mágica. Não podia me conter de tanta felicidade... Era surreal! Senti meus pés saindo do chão e toda desconcertada consegui dar uma pequena volta ao redor de onde estávamos. Era tudo muito mágico.

 

Depois de curtir aquela extraordinária experiência, voltei para perto de Aurora. Ela me lembrou que aquilo era algo que eu sempre quis fazer e que naquele mundo eu iria me surpreender e descobrir muitas outras coisas novas.

Em seguida, como um estalo, levei um choque de realidade. Comecei a entender o que realmente estava acontecendo ali, tendo a certeza que eu havia desencarnado. Lembrei-me da minha família, dos meus amigos, da minha vida na terra e um sentimento agoniante começou a tomar conta de mim. Foi uma dor forte que não contive as lágrimas e cai em um choro profundo, percebendo que não estaria mais ao lado das pessoas que eu tanto amava.

Fui consolada por aquele anjo chamado Aurora que já cuidava de mim desde antes da minha passagem para aquele mundo.

Fiquei preocupada com a reação das pessoas devido a minha partida, principalmente com minha mãe, que era uma pessoa frágil sentimentalmente. Não queria que ninguém sofresse com a minha partida. Aurora continuava do meu lado, me apoiando e pedindo para eu não me preocupar, pois estava cheio de espíritos de luz ao redor de todos que me amavam, ajudando a confortar seus corações e que depois de um tempo eu iria me adaptar naquele lugar e entender realmente como tudo funciona.

Aurora me levou para conhecer todo o local, ele era um pouco parecido com a terra, mas com o aspecto puro, bem mais limpo e avançado. As pessoas que ali viviam, transmitiam segurança e boas energias, sempre sorridentes, atenciosas e receptivas. Conheci até uma escola, onde passei a frequentar e com isso pude aprender muitas coisas sobre a vida, entre outras... Com o tempo fui me ocupando e realmente me adaptando.

Depois de um tempo, recebi uma bela visita... Eram meus avós que também já haviam desencarnado. Estavam remoçados, aparentando muita saúde.

 

Que emoção poder reencontrar parte da família. Desde que havia chegado naquele lugar, nunca me senti sozinha, pois fui muito bem amparada, mas sentia falta de pessoas conhecidas, queridas por mim. Felizmente ao vê-los senti um conforto maior.

Não demorou muito tempo até que consegui permissão para ir até a terra visitar minha família. Nesse dia, Daniel me acompanhou. O mesmo rapaz que vi pela primeira vez naquela ladeira, assim que recém cheguei ao novo mundo. Era jovem, alto, olhos escuros. Assim como Aurora, ele também era um dos meus guias enquanto eu ainda vivia na terra.

Eu estava muito feliz e ansiosa para rever a minha família. Naquele dia, recebi algumas orientações e logo depois partimos. O processo era muito rápido. Bastou mentalizar que automaticamente já estávamos onde queríamos.

Ao chegarmos na terra, senti algo estranho, um incômodo. A energia era pesada, diferente da minha nova casa, que era leve e tranquila.

Pela primeira vez, estava tendo uma visão diferente da cidade, passando a vê-la de duas formas. Estava podendo enxergar várias energias e outras coisas relacionadas na qual as pessoas que ali habitavam não conseguiam ver, apenas os médiuns encarnados que possuíam o dom da vidência.

 

Uma parte escura me chamou atenção próximo ao centro da cidade.  Daniel me explicou que aquele era o umbral, lugar onde habitavam os espíritos que precisavam encontrar a luz. Preferi não olhar muito.

Enfim chegamos a minha antiga casa. Parei na porta e perguntei para Daniel como iríamos entrar, ele sorriu e pediu para acompanhá-lo.

 

Daniel foi para frente da porta central que se encontrava fechada e atravessou, como se aquilo fosse um campo magnético que se vê nos jogos e filmes. Fiquei espantada com tal procedimento e com cautela fui apalpando para não correr o risco de acabar me machucando. Nunca havia feito aquilo, estava insegura. Mas para minha surpresa, consegui atravessar aquela porta sem ao menos ter que abri-la.

Ao entrarmos, pude ver meus pais assistindo TV e meu irmão, como sempre em seu computador jogando. A emoção tomou conta de mim, já faziam três anos desde que eu havia partido. Queria abraçá-los, mas não era possível, queria que pudessem me ver, mas aquilo poderia causar problemas a eles. Nossa, que saudade!

Daniel ficou comigo o tempo todo, me orientando. Antes dessa visita eu já havia aprendido como usar energia e com isso resolvi aproveitar para lançar em todos eles, fluidos que os fizessem sentir bem. Meu irmão começou a fazer uma cara diferente, desconfiado, como se tivesse sentindo nossa presença. Disse a minha família que eu estava bem, que os amava incondicionalmente e futuramente estaríamos juntos novamente! Eles não podiam me escutar, mas podiam me sentir de alguma forma.

Minha mãe se levantou e foi até a estante, onde haviam várias fotos e pegou um porta retrato com uma foto de quando eu era criança. Deu lhe um beijo com muito carinho, o que me fez sentir de forma real. Ela olhou para minha foto dizendo que sentia minha falta, mas sabia que eu estava em um bom lugar.

Daniel pediu para eu me despedir, pois já era hora de partir. Beijei todos conforme possível e retornamos em seguida.

Com o tempo, as coisas passaram a ficar mais fáceis. A saudade continuava, mas já não sufocava como antes. Iria demorar um bom tempo para nos reencontrarmos novamente, mas a certeza de que aquele dia chegaria e que a vida nunca acaba, me dava forças e ânimo para continuar na minha evolução. Estudei bastante naquele lugar, participava de várias palestras, aprendendo tudo que era necessário. Logo, iria receber a missão de cuidar da minha família e dos meus amigos mais próximos que estavam na terra, uma espécie de anjo da guarda sabe? Fiquei tão contente, pois assim eu iria vê-los com mais frequência, estaria sempre com eles de alguma forma. Os verdadeiros laços nunca se desafazem, mesmo estando em mundos diferentes.

 

Eu carregava comigo a certeza de que aproveitei muito a vida na terra e que não deixei de dizer a todos o quanto eu os amava. Não sentia pendência em relação a nada! Gostaria de ter ficado mais tempo ao lado deles, mas já havia entendido que a minha hora já tinha chegado, cumpri minha missão e voltei para a casa, pois a terra é uma escola para nossa evolução. Aprendemos e depois voltamos.

 

Espero que você também saiba aproveitar a vida e as pessoas que ama, assim como eu aproveitei, porque nossa estadia na terra é temporária e não sabemos o dia de amanhã. Por isso, aprenda e faça tudo que puder dentro das leis divinas.

 

Nosso lar é um lugar mágico, onde só existe amor e paz. 

Pratique o bem e ande sempre no caminho da LUZ.

Tenha um ótimo dia...  ♡

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